Série do Loki: Reescrevendo o Futuro do MCU

Recentemente, tive o privilégio de assistir à série Loki no Disney+ e escreverei sobre o que achei deste show e qual é a minha expectativa para esta nova fase do personagem estrelado por Tom Hiddleston.

É um fato inegável que a fórmula utilizada até então pelo MCU já mostrava sinais de cansaço. Ou seja, introdução de personagens de forma mais simplificada possível, com muitas piadas fora de contexto, muita ação embalada por um fio de continuidade em um universo que continua a expandir, mas sem o mesmo impacto de outrora.

Muitos podem afirmar que este cansaço se deve à conclusão inebriante em Vingadores Ultimato, que não deixou pedra sobre pedra e com a impressão de que o MCU já alcançou o topo e não tem mais forças para se manter lá. Não explorarei este ponto nesta matéria, mas mostrarei que, ao menos, o estúdio da Disney está buscando explorar caminhos mais interessantes e que busquem chegar a um diferencial que possa atrair novos fãs e manter os antigos ainda interessados em seu universo.

Enfim, Sobre Loki

A série do Loki continua sua trama diretamente de Vingadores Ultimato, quando a variante temporal do Loki foge com o Tesseract e cria aquela pergunta: o que aconteceu com este personagem já que o original morreu nas mãos de Thanos?

Nesse ínterim, nos deparamos com a AVT (Autoridade de Variação Temporal), uma organização responsável por manter a linha temporal coesa e que a governa de forma ditatorial para evitar que a realidade entre em colapso devido a possíveis interferências de variantes temporais.

A trama vai se estruturando para mostrar que esta organização, apesar de extremamente burocrática, é altamente eficaz em proteger o fluxo do tempo. Porém, o agente Mobius, vivido por Owen Wilson, vê a chance de regenerar o deus da mentira. Mobius é um dos agentes investigativos temporais mais eficientes da AVT e está investigando um misterioso assassino serial de agentes da companhia, que na verdade é uma variante de Loki.

Trama Coesa e Extremamente Limpa

O agente Mobius utiliza o intelecto de Loki para poder localizar essa variante assassina, mas quando se trata do deus da mentira, aguarde traições, viradas magistrais e um dos desempenhos mais interessantes do MCU.

O fato de ser um show de apenas 6 episódios facilita para que seja uma trama enxuta, limpa e completamente direta ao ponto, onde se preocupa mais em desenvolver os personagens que vão sendo apresentados na história.

Apesar do roteiro aparentemente entregar uma série com formato “caso da semana”, essa dúvida rapidamente se esvai com o decorrer dos episódios, principalmente quando introduz a Sylvie. Todos os personagens recebem um bom desenvolvimento e têm suas motivações bem explicadas, e o mais importante, são coerentes com o que vai sendo desenvolvido.

Loki em Desconstrução

O grande destaque da série, como não poderia passar despercebido, é o excelente trabalho de Tom Hiddleston, que interpreta um Loki completamente diferente de tudo que o MCU já apresentou.

A tarefa difícil do roteiro era não só introduzir um novo Loki, já que o original estava morto, como desenvolver novas motivações para o personagem.

No papel, é muito fácil descrever isso, porém, na prática, os roteiristas precisaram trabalhar com um Loki saído após a derrota para os Vingadores no primeiro filme da equipe. Aquele deus da mentira completamente superficial que queria dominar a Terra por motivos fúteis e banais, sendo até mesmo um serviçal de Thanos, que não hesitava em trair, manipular e mentir para atingir seus intentos.

E a desconstrução começa com Mobius fazendo perguntas difíceis a Loki logo no começo e, em paralelo, ele apresenta a Loki fatos importantes e inquietantes.

Ou seja, a morte de sua mãe, a destruição de Asgard e sua própria morte. Isso o faz refletir, obviamente, pois, em suas próprias palavras, um Loki faz o que for necessário para sobreviver.

E Loki muda tanto no final que se torna um personagem bem mais palatável e com tons heróicos realmente plausíveis.

Ser um Loki é Sobreviver

Sobrevivência a todo custo é o lema de um Loki e isso guia o personagem a refletir seu papel no universo e seu papel nele. Relutante, ele aceita trabalhar com Mobius para caçar a variante Loki, mas o roteiro surpreende ao não somente apresentar uma variante feminina do deus da mentira, mas em fazê-los se apaixonarem. Isso seria completamente coerente e coeso com a natureza narcisista de Loki.

Conforme os episódios avançam e o personagem vai se confrontando com suas outras variantes no vazio, é onde Tom Hiddleston realmente mostra que é um personagem excepcional. Todos os Loki vividos por ele são completamente distintos e isso é delicioso de assistir.

Um Show Sem Igual

Eu poderia fazer um texto repleto de spoilers, mas, apesar de ter soltado alguns inadvertidamente, prefiro deixar que você, caro leitor, se dê a oportunidade de assistir a esta série com a mente livre para formar uma opinião bem sincera.

Da minha parte, achei a série bem intrigante, inteligente, com um roteiro eficiente, enxuto e uma trama bem bolada.

Atuações marcantes e um desenvolvimento que beira a perfeição no trio Loki, Sylvie e Mobius, que conduzem com bastante habilidade até um final imprevisível com o ‘vilão’ Kang.

Sim, coloquei este Kang entre aspas porque a conclusão desta 1ª temporada nos leva a questionar se ele é realmente um vilão ou era o protetor desta linha temporal, apesar de suas atitudes questionáveis.

O final é semelhante ao clássico Planeta dos Macacos, quando a realidade muda na frente de Loki e ele percebe que as coisas estão completamente diferentes e ele é o único que guarda as memórias antes da mudança, pois estava fora do fluxo temporal.

Há tanto para falar, porém me sinto compelido a simplesmente recomendar que assistam a este belo show, meus amigos. A série é muito boa e merece um pedacinho da atenção, e você pode encontrá-la no serviço de streaming Disney+.