A puxada de Tapete na Hora H
assunto de hoje é Sif… que definitivamente não leva sorte no Universo Marvel… mesmo quando ganhou o seu merecido destaque como protagonista, logo foi sabotada e devolvida ao elenco de apoio… Uma grande pena…
O assunto de hoje é Sif… que definitivamente não leva sorte no Universo Marvel… mesmo quando ganhou o seu merecido destaque como protagonista, logo foi sabotada e devolvida ao elenco de apoio… Uma grande pena…
Bom, começando, vamos lembrar que a mitologia nórdica do Universo Marvel é uma “adaptação livre” da mitologia original. Não é só Thor, que de ruivo passou as ser loiro, mas também Sif passou por alterações.
Na Marvel, Sif é morena e irmã de Heimdall… mas na mitologia original, ela tem cabelos dourados e NÃO é irmã de Heimdall. Aliás, Heimdall é originalmente IRMÃO de Thor (é filho de Odin com as “Nove Mães”, que representam as classes da sociedade nórdica). A Marvel deu uma adaptada na questão do cabelo loiro, usando uma lenda nórdica, segundo a qual, Sif tosa seus cabelos enganada por Loki. Na mitologia nórdica, os cabelos renascem, e seu tom dourado representa o trigo. Na Marvel, os cabelos renascem pretos…
Bem, na mitologia nórdica, Sif é a esposa de Thor… e não é assim tão “guerreira”. Nesse aspecto, Stan Lee e Jack Kirby “melhoraram” a personagem, mas com um preço: ela seria retratada como guerreira, maaasss… teria que disputar o amor de Thor com a enfermeira mortal Jane Foster.
Nesse contexto bem folhetinesco, Sif vivia com ciúmes de Jane, que, como era a praxe da época, era a “donzela em perigo” das histórias de Thor, além de representar a “paixão” de Thor por Midgard (Terra). Ah sim, para alimentar o clima de “novela”, Balder se interessava por Sif, que os esnobava…
Embora Lee e Kirby não explorassem muito a condição de guerreira de Sif, os demais criadores que passaram pelas histórias de Thor foram se encarregando disso. Principalmente quando Jane Foster saiu de cena nas histórias (Era de Bronze), Sif curtiu seus momentos de par amoroso de Thor, mas em um constante ir e vir, até porque passou a contar com a competição e os encantos de Enchantress (Encantor). Até que, cansada desse vaivém de Thor, Sif acabou se apaixonando pelo alienígena Beta Ray Bill (Bill Raio Beta) e partiu com ele para aventuras no espaço.
A Marvel não mostrou a grande maioria dessas aventuras, e Sif reaparecia de vez em quando para ajudar Asgard… até morrer com todo mundo no Ragnarök. Quando os deuses renasceram, Sif não voltou… por quê?
Na época descobrimos que Loki renasceu como mulher – a “Lady Loki” – e, como ainda não se tinha estabelecido o “gênero fluido” de Loki nos quadrinhos, revelou-se que seu espírito estava ocupando…. o corpo de Sif!!! Com isso, descobriu-se que o espírito de Sif estava preso no corpo de uma senhora idosa com câncer terminal.
Quando toda essa situação foi resolvida, Sif voltou com tudo, e ganhou um one-shot escrito pela roteirista feminista Kelly Sue DeConnick, em 2010. Ali já dava para testar uma nova abordagem de Sif como uma guerreira forte, decidida e independente, justamente o que seria de se esperar com toda a trajetória da personagem no Universo Marvel até então.
Pelo visto os editores gostaram do que viram, e um tempo depois (2012), tivemos a estreia de uma “série” de Sif na revista Journey into Mystery (Jornada ao Mistério), depois de uma aclamada sequência da série do “Kid Loki“, por Keron Gillan. O desafio foi grande para a nova equipe criativa, responsável pelas histórias de Sif: Kathryn Immonen e o então novato (na Marvel) Valerio Schiti.
Kathryn Immonen e o ótimo Schiti produziram 10 edições de Sif, e entregaram uma história cativante, com bom desenvolvimento de personagem. Finalmente Sif era protagonista e tinha uma caracterização condizente, ainda que coincidente em alguns pontos com outra guerreira asgardiana famosa na Marvel, Valkyrie (Valquíria).
A série infelizmente não se sustentou e terminou, mas Sif continuou tendo mais destaque nas histórias de Thor, agora com sua postura mais “empoderada”. Foi inclusive uma personagem de destaque no megaevento War of the Realms (Guerra dos Reinos), compartilhando a liderança dos “War Avengers” com a Cap. Marvel (Carol Danvers)…
No entanto, esse mesmo megaevento selou o destino de Sif. Com a morte de Heimdall, ela se tornou sua substituta, guardando Bifrost, a Ponte do Arco-Íris, enquanto perscruta todo o universo com seus olhos. Pois é, por mais que Heimdall fosse um personagem conhecido, ele não era um personagem famoso por participar de grandes batalhas e, assim, Sif foi para o banco de reservas.
Sif retornou à ação algumas vezes, quando foi necessário, mas fica evidente que seu brilho foi apagado quando começou a arder. Como todo mundo volta da morte a toda hora nos quadrinhos de super-heróis, uma hora Heimdall vai voltar… mas até lá, Sif está sendo “sacrificada” e vendo o cavalo selado da oportunidade de ser uma personagem destacada passar…
Mas aí temos outro problema a discutir: a desistência com relação a Sif se deu em meio a dois outros fatos: 1) No MCU, a personagem foi limada de algumas participações provavelmente por problemas de bastidores com a atriz; 2) No Universo Marvel, surgiu a nova “Thor” – a versão feminina, que fez muito sucesso. Sif esteve entre as candidatas para ser sua identidade, mas era mesmo Jane Foster (reaproveitando um antigo What If [O que Aconteceria Se] dos anos 1970).
Isso deve explicar por que Sif foi “esvaziada” no seu momento de maior chance. Dá para remediar isso? Dá, até porque Jane Foster é agora mais uma versão de Valkyrie, mas há interesse? Eu diria que não. Vamos ver o que acontece mais adiante… eu só sei gostaria de ver uma nova chance para Sif…
PM Agria é fã antigo da Marvel (e da Valiant também!), lendo quadrinhos assiduamente desde 1978. Também trabalhou como tradutor de quadrinhos das editoras Brainstore e Panini, entre outras. Quer ver mais matérias sobre a Marvel? Visite o blog Marvel Multiverse, a fanpage Marvel Multiverse e o grupo PM Agria’s Marvel Multiverse no Facebook!