Por que Cyclops Largou mulher e filho do nada?
Madelyne Pryor talvez seja a campeã de retcons dos quadrinhos… e vamos falar de alguns deles aqui em sequência (não de todos).
O principal deles, que está no título, já foi tratado lá no blog anos atrás… mas coloquei ali menos detalhes do que agora. Mesmo assim, vou tentar ser “telegráfico” para deixar o encadeamento da linha cronológica mais claro, pois, afinal, temos aqui alguns anos de cronologia dos X-Men.
Pra começo de conversa, Cyclops (Ciclope) foi por muito tempo um personagem “chato” – não só era todo “certinho” e “responsável”, como também se envolvia em sofrimento atroz, geralmente por amor, embora fosse namorado de uma das heroínas mais chamativas e compreensivas do Universo Marvel: Jean Grey. E é aí que a coisa toda causa mais estranheza: como um sujeito todo “certinho” fez o que fez? Abandonando mulher e filho do nada?
Vamos começar lá no final da Dark Phoenix Saga (Saga da Fênix Negra) – Jean Grey se “suicida” na Lua, para evitar que a Dark Phoenix (Fênix Negra) retome o controle sobre seu corpo – tudo isso na frente de Cyclops. E é óbvio que Cyclops fica traumatizado e tudo mais e sai dos X-Men após o funeral.
Cyclops conhece novos flertes, tem um mais acentuado com Aleytis Forrester (que depois ciscou com Magneto também) e, de repente, encontra Madelyne Pryor – que era uma cópia quase exata de Jean Grey (com outro penteado), não falava de seu passado e, curiosamente, sobreviveu a um acidente aéreo fatal no momento em que Jean se sacrificou. Era a ressurreição de Jean?
Bem, Cyclops e os leitores tinham certeza de que era, mas o roteirista Chris Claremont queria brincar com essa situação, e não havia outros planos além desse e de dar a Cyclops um “final feliz”. De fato, o casamento veio rápido e logo nasceu o bebê Nathan Christopher Summers (sim, o futuro Cable… mas isso é outra história para outro dia). Cyclops, esposa e filho se mudaram para o Alasca e fim de papo.
Só que Cyclops ficou incomodado – seu senso de responsabilidade exacerbado fez com que achasse que era seu dever liderar os X-Men. Assim, largou a família no Alasca e voltou aos X-Men, onde desafiou Storm (Tempestade), a líder, que estava sem superpoderes na época, para um combate. Perdendo o desafio, Cyclops voltou desgostoso para a família (estranho…).
Só que a verdadeira Jean Grey “ressuscitou” – estava se recuperando em um casulo submarino enquanto a Phoenix Force (Força Fênix) emulou tão perfeitamente Jean que pensava ser ela própria e se sacrificou na Lua. Os outros 3 membros originais dos X-Men (Angel [Anjo], Iceman [Homem de Gelo] e Beast (Fera]) haviam debandado sua última equipe, os New Defenders (Novos Defensores), e iriam formar uma nova, o X-Factor original. Com Jean de volta, faltava apenas Cyclops – que veio imediatamente a Nova York quando soube que Jean estava viva. E Madelyne e o bebê? Largou completamente. E ninguém estranhou nada…
Enquanto Cyclops reengantava um flerte com Jean no X-Factor, Madelyne foi atacada pelos Marauders (Carrascos), a serviço do Mr. Sinister (Sr. Sinistro), que raptaram Nathan e a deixaram em coma. Quando Cyclops lembrou, depois de semanas, que tinha família e ligou para Madelyne no Alasca, ninguém atendeu. Cyclops foi investigar… e descobriu que Madelyne “nunca existira” (embora houvesse um chocalho de Nathan na casa). Como assim?
Isso aconteceu porque, ao sair do coma, Madelyne pediu ajuda dos X-Men para encontrar seu bebê, e assim “entrou” para o grupo. E, no evento Fall of the Mutants (Queda dos Mutantes), foi morta junto com o grupo no enfrentamento do Adversary (Adversário). Roma, a filha de Merlin e regente do Otherworld (Outromundo), ligada aos Cap. Britain (Cap. Britânia), se compadeceu dos X-Men (que salvaram a realidade com seu sacrifício) e os trouxe de volta à vida, e “incapazes” de serem registrados ou gravados por tecnologia de imagem (sim… outra coisa para outro dia).
Aí começou a “fase australiana” dos X-Men, com Madelyne tendo seu primeiro flerte com Havok (Destrutor), irmão de Cyclops. E é por isso que Madelyne “desaparecera da face da Terra”. Agora, Madelyne e os X-Men não sabiam da existência do X-Factor? Vamos ver isso mais adiante.
Os grupos seguiram separados até o megaevento Inferno, em que os demônios do Limbo invadiram Nova York. Madelyne acabou fazendo um acordo com S’ym, que lhe concedeu poderes… “demoníacos”. Assim ela se tornou a Goblin Queen (Rainha dos Duendes), a grande vilã do clímas do megaevento. E resgatou Nathan (para usá-lo em um ritual místico), além de descobrir que, sim, ela era um clone de Jean Grey o tempo todo, criado por Mr. Sinister.
Transtornada e louca de poder, Madelyne acabou morrendo no fim do evento (calma, ela voltou várias vezes depois… hehe), não sem antes descobrirmos que ela não só tinha poderes psíquicos (como Jean) antes, como também possuía uma fração da Phoenix Force. OU SEJA, ela usou tudo isso para manipular Cyclops e os X-Men!
Não fica claro se tudo foi orquestrado por Mr. Sinister, mas deixa-se a entender que Madelyne não sabia que estava usando seus poderes até certo ponto… Mesmo assim, mesmo sem “controlar” seus poderes, ela era essencialmente… “má”.
Todo o comportamento de Cyclops e até a “cegueira” dos X-Men, que não sabiam da existência do X-Factor, foram resultado de manipulação por Madelyne e, no “confronto final”, Jean absorveu os poderes e as memórias de Madelyne.
Cyclops, para variar, terminou todo esse confronto em crise existencial, querendo se penitenciar por tudo que aconteceu. Mas Jean usou sua “lábia” (ou seriam seus poderes psíquicos? hehe) para convencê-lo de que ele não tinha culpa de nada e que Madelyne era apenas um joguete, uma armadilha de Mr. Sinister. Jean também não estava estranha aqui? hehe
Bem, essa história de Madelyne ser essencialmente “má” deu pano pra manga e, apenas recentemente, houve um “acerto de contas” e uma “redenção” de Madelyne Pryor, acompanhando as tendências atuais de jogar a culpa sempre na “sociedade”… hehe. Bem, na verdade, Madelyne realmente foi uma vítima em certos momentos, porque foi criada e “programada” para fazer o que fez, o que relativiza sua culpa… ou não?
Porém,, uma coisa fica no ar: Cyclops não parecia estar sendo “comandado” – e isso fica claro na conversa que reproduzimos na imagem do post: Cyclops reconhece que “já tinha percebido que faltava alguma coisa em Madelyne, que a diferenciava de Jean” – logo, ele não queria ficar com a “cópia imperfeita”, pelo menos no subconsciente…
Essa explicação rocambolesca e típicas de Chris Claremont satisfez a caracterização de Madelyne Pryor por muitos anos. Ela se tornou uma vilã, mesmo que sendo vítima das circunstâncias, E isso era aparentemente seu “destino”… até a fase de Krakoa…
PM Agria é fã antigo da Marvel (e da Valiant também!), lendo quadrinhos assiduamente desde 1978. Também trabalhou como tradutor de quadrinhos das editoras Brainstore e Panini, entre outras. Quer ver mais matérias sobre a Marvel? Visite o blog Marvel Multiverse, a fanpage Marvel Multiverse e o grupo PM Agria’s Marvel Multiverse no Facebook!